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Ainda hoje, algumas empresas tomam decisões de compra de insumos, materiais ou serviços, pensando unicamente no preço de aquisição. Esquecem de considerar o Custo Total de Propriedade envolvido em todo o processo. Principalmente, na manutenção industrial, em que os compradores acabam escolhendo os fornecedores com o menor preço.
Calcular o TCO mostrará qual a melhor decisão: a peça mais barata realmente é a melhor escolha? E se a peça não apresentar a qualidade requerida ou estiver fora das especificações do fabricante?
Decisões de compra de peças com base apenas em preço pode impactar diretamente no desempenho da máquina. As consequências podem ser desastrosas, como por exemplo:
- Quebras inesperadas;
- Desgastes prematuros;
- Aumento de manutenções corretivas;
- Equipamento parado.
Tudo isso, vai impactar em custos “ocultos” que não são considerados na hora de escolher o fornecedor com o menor preço. Por isso, o conceito de custo total de propriedade é importante para ajudar os gestores a entenderem que o barato pode sair caro.
Hoje, nosso artigo vai explorar esse conceito e mostrar porque ele é importante na gestão de ativos dentro da manutenção industrial.
Pronto para conferir?
O que significa custo total de propriedade?
O Custo Total de Propriedade (TCO), do inglês Total Cost of Ownership, é um conceito financeiro utilizado para calcular o custo total de aquisição e operação de um produto ou sistema ao longo do tempo.
O que permite que a tomada de decisão seja mais assertiva para novas aquisições, pois considera não apenas o custo inicial, mas também os custos de longo prazo associados ao uso e manutenção do item adquirido.
Por isso, é muito útil para avaliar investimentos em tecnologia da informação, veículos, maquinários e equipamentos industriais, dentre outros.
O TCO é composto por diversos outros tipos de custos, que são os seguintes:
Custo de Aquisição: é o preço de compra do produto ou serviço, incluindo o custo do hardware, software, e outros componentes necessários para a sua implementação.
Custos Operacionais: são os custos recorrentes para manter o produto ou serviço funcionando, como energia elétrica, manutenção, atualizações de software e hardware, e salários dos funcionários necessários para operar e manter o sistema.
Custos ocultos e invisíveis: são aqueles que não são imediatamente aparentes ou que frequentemente são esquecidos durante a avaliação financeira de um ativo.
Custos de Treinamento: custos associados ao treinamento de funcionários para usar o novo sistema ou produto.
Custos de Suporte e Manutenção: Inclui custos com suporte técnico, manutenções preventivas e corretivas, e eventuais atualizações.
Custos de Downtime: perdas financeiras devido a falhas ou paradas não planejadas no sistema ou produto.
Custos de Descomissionamento e Descarte: são os custos associados à retirada do produto ou sistema de uso e seu descarte ou reciclagem de forma adequada.
Por que o TCO é importante?
O Custo Total de Propriedade (TCO) é um conceito fundamental para a manutenção industrial. Isso porque facilita o gerenciamento dos custos associados aos ativos industriais ao longo de suas vidas úteis.
É importante esclarecer que a escolha de peças baseada apenas no preço pode levar a custos ocultos significativos, além de mais elevados, afetando o TCO de diversas formas.
Uma vez que este custo está relacionado com toda a vida útil de um ativo, incluindo aquisição, operação, manutenção e até mesmo disposição. De fato, é preciso entender como o TCO é afetado, veja em seguida:
1.º – As peças mais baratas podem ser de qualidade inferior, resultando em uma vida útil mais curta. Nesse sentido, será necessário substituí-las com mais frequência, aumentando os custos ao longo do tempo.
2.º – As peças de baixa qualidade podem falhar mais frequentemente, exigindo manutenção e reparos adicionais. Desse modo, além de aumentar os custos diretos de manutenção, também pode resultar em tempo de inatividade, afetando a produtividade.
3.º – As peças mais baratas podem não ser perfeitamente compatíveis com o sistema existente, resultando em eficiência reduzida e maior consumo de energia ou recursos.
4.º – A instalação de peças mais baratas pode exigir modificações ou adaptações adicionais, resultando em custos de instalação mais altos e a possibilidade de afetar as funcionalidades do equipamento.
5.º – O uso de peças não autorizadas ou de baixa qualidade pode violar os termos da garantia de equipamentos, resultando em custos adicionais se ocorrerem falhas. Como também pode implicar em problemas devido às questões de conformidade com padrões de segurança ou normas.
6.º – As peças de baixa qualidade podem ter uma pegada ambiental maior, tanto em termos de produção quanto de descarte. Com isso, pode gerar custos de descarte mais altos e impactar a responsabilidade ambiental da empresa.
Portanto, ao considerar o TCO, é fundamental avaliar todos esses fatores e não basear decisões apenas no preço inicial das peças. Afinal, investir em peças de maior qualidade pode ter um custo inicial mais alto, mas resulta em economia a longo prazo, maior confiabilidade e eficiência operacional.
Quais resultados o TCO permite alcançar?
O uso do Custo Total de Propriedade (TCO) permite que as empresas alcancem vários resultados importantes, principalmente em termos de tomada de decisão estratégica e gestão financeira. Veja a seguir:
Otimização de Custos
O TCO ajuda para que a empresa faça escolhas mais econômicas, reduzindo custos operacionais ou investindo em manutenção preditiva para evitar reparos caros no futuro.
Isso porque ao entender todos os custos associados a um investimento, as empresas podem tomar decisões mais assertivas sobre novas aquisições de longo prazo, como equipamentos.
Como também podem investir em equipamentos ou sistemas mais eficientes que, embora possam ter um custo inicial mais alto, reduzem os custos operacionais e de manutenção a longo prazo.
Além disso, as empresas podem negociar melhor com fornecedores, buscando termos que minimizem os custos totais, como garantias mais longas ou contratos de manutenção inclusos.
Avaliação de Retorno Sobre Investimento (ROI)
O TCO permite calcular o ROI de maneira mais precisa, considerando não apenas os benefícios ou receitas geradas, mas também todos os custos ao longo da vida útil do equipamento.
Com um entendimento completo do TCO, as empresas podem planejar melhor seus orçamentos, alocando recursos de forma adequada para cobrir todos os custos associados ao longo do tempo.
Além disso, uma análise mais constante do TCO da empresa ajuda a identificar oportunidades para melhorias e inovações, seja na substituição de equipamentos antigos, na otimização de processos ou na adoção de novas tecnologias.
Como calcular TCO?
Saiba que calcular o Custo Total de Propriedade (TCO) envolve a análise de todos os custos associados à aquisição, uso e manutenção de um ativo ao longo de sua vida útil.
Por isso, é interessante seguir um passo a passo para realizar esse cálculo com assertividade:
Passo 1: Identificar a Vida Útil do Ativo
- Determine por quanto tempo o ativo será utilizado. Isso pode variar de alguns anos para equipamentos até décadas para edifícios ou infraestruturas.
Passo 2: Custo de Aquisição
- Preço de Compra: o custo inicial de compra do ativo.
- Custos de Instalação e Implementação: inclui despesas com transporte, instalação, configuração e integração com outros sistemas.
Passo 3: Custos Operacionais
- Custos de Energia e Consumíveis: gastos regulares necessários para operar o ativo.
- Despesas de Mão de Obra: custos associados à operação do ativo, incluindo salários e benefícios dos funcionários.
Passo 4: Custos de Manutenção e Suporte
- Manutenção Preventiva e Corretiva: custos programados e emergenciais para manter o ativo em funcionamento.
- Atualizações de Software/Hardware: se aplicável, inclua os custos para manter o ativo atualizado.
Passo 5: Custos de Downtime
- Perda de Produtividade: custos associados a paradas não planejadas.
- Reparos de Emergência: custos extras para reparos urgentes.
Passo 6: Custos de Treinamento
- Inclua os custos para treinar funcionários para operar e manter o ativo.
Passo 7: Custos de Descarte
- Desativação: custos para tirar o ativo de operação.
- Reciclagem/Descarte: custos ambientalmente responsáveis para descartar o ativo.
Passo 8: Custos ocultos
- Manutenção Não Planejada: custos de reparos ou manutenção que não eram esperados, especialmente para equipamentos mais antigos ou de alta complexidade.
- Downtime e Interrupção da Produção: perdas de receita e produtividade devido a paradas não planejadas.
- Custos de Treinamento Adicional: necessidade de treinamento adicional que não foi inicialmente prevista, seja devido à complexidade do equipamento ou mudanças na tecnologia.
- Suporte Técnico e Atualizações: custos contínuos com suporte técnico, atualizações de software ou hardware que podem não ter sido totalmente considerados.
- Ineficiências Operacionais: perdas de eficiência devido à inadequação do equipamento às necessidades ou mudanças no processo de produção.
- Custos de Substituição Prematura: necessidade de substituir equipamentos mais cedo do que o previsto devido a obsolescência ou falhas frequentes.
- Impacto na Qualidade do Produto: problemas de qualidade devido a equipamentos inadequados ou falhas, o que pode levar a custos de retrabalho ou perda de clientes.
Passo 9: Custo após depreciação
- Calcule o valor do ativo após determinado período de uso (valor dele usado).
- Considere a depreciação uma vez que seus ativos sofrem desgaste com o tempo de uso ou se tornam obsoletos quando chega uma tecnologia nova.
Qual a fórmula para calcular o custo total?
TCO = [Custo de Aquisição + Somatória dos custos associados (Operacionais + Manutenção + Downtime + Treinamento + Descarte + Custos Ocultos)] – o valor do equipamento após a depreciação.
Considerações Adicionais:
- Inflação e Desconto Temporal: considere a inflação e o valor do dinheiro ao longo do tempo, especialmente para TCOs que se estendem por muitos anos.
- Custos Indiretos: dependendo do ativo, podem existir custos indiretos que devem ser considerados.
- Comparação de Alternativas: ao comparar TCOs de diferentes opções, certifique-se de que todos os componentes do custo foram considerados de maneira equivalente.
Lembre-se, o cálculo do TCO pode variar bastante dependendo do tipo de ativo e do contexto empresarial. É importante adaptar a abordagem para refletir as especificidades de cada situação.
TCO na gestão de ativos
Sem dúvida, o Custo Total de Propriedade é de grande ajuda para as empresas, contribuindo principalmente para a gestão de ativos. Em seguida, veja os aspectos mais importantes desta contribuição:
1.º – Permite uma avaliação mais assertiva sobre o custo-benefício para a aquisição de determinados equipamentos, evitando a aquisição de peças de baixa qualidade ou fora das especificações necessárias;
2.º – Alocação adequada de recursos financeiros para os custos envolvidos na manutenção de equipamentos, evitando surpresas financeiras e custos extras com reparos não planejados;
3.º – Contribui para a diminuição dos custos operacionais ao reduzir os custos com manutenções corretivas e downtime, gerando aumento da eficiência dos equipamentos;
4.º – Facilita a adoção de estratégias eficientes para prolongar a vida útil dos equipamentos, considerando a qualidade, a compatibilidade e a reputação do fornecedor para a gestão dos ativos industriais;
5.º – Identifica oportunidades de melhoria contínua, como a otimização de processos de manutenção ou a substituição de equipamentos ineficientes.
Conclusão
Na manutenção industrial, a utilização do Custo Total de Oportunidade oferece uma visão holística para a gestão de ativos, englobando a aquisição, a operação, a manutenção e a disposição dos equipamentos e peças industriais.
Esta abordagem permite que os gestores façam escolhas mais informadas e sustentáveis, focando na qualidade, durabilidade e eficiência a longo prazo, em vez de se limitarem ao preço inicial das peças.
Com certeza, os investimentos em peças de alta qualidade, treinamento adequado, manutenção preventiva e tecnologias inovadoras podem ter um custo inicial mais elevado. Mas são cruciais para reduzir os custos ocultos, como manutenções frequentes, paradas não planejadas, ineficiências operacionais e falhas críticas.
Portanto, uma abordagem estratégica para a manutenção industrial, que leve em conta todos os aspectos do TCO, é indispensável para o sucesso a longo prazo e garantir a conformidade regulamentar.
Assim, o TCO se revela não apenas como uma métrica financeira, mas como um pilar fundamental para a tomada de decisões estratégicas na manutenção industrial.
O que implica em repensar as estratégias de compra, buscando aproveitar todas as vantagens que uma gestão de ativos baseada no TCO pode oferecer.